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Alta de 16% nas mensalidades escolares em Niterói

Alta nas mensalidades do ensino particular. Foto: Marcello Camargo/Agência Brasil

Com a chegada do período de matrículas é importante preparar o bolso. No próximo ano, o reajuste médio nas mensalidades nas escolas particulares de Niterói será de 8,2% para o ensino médio. As famílias deverão desembolsar, em média, 120 reais a mais para manter os filhos matriculados em unidades de ensino particular. Em uma escola na Zona Norte, o reajuste chegou a 16,8% para os secundaristas.

No ensino fundamental, o aumento será mais moderado. O reajuste médio nas mensalidades será de 5,7%. O custo deve subir, em média, 85 reais. Os dados foram obtidos em levantamento do Plantão Enfoco com dez colégios da rede privada de ensino nas cinco regiões administrativas de Niterói.

Na pesquisa, foram considerados os valores da mensalidade para o 6º ano do fundamental e 2º ano do ensino médio. Foram selecionados dois colégios das cinco regiões administrativas de Niterói.

Tanto no ensino fundamental quanto no médio, o reajuste ultrapassa a inflação — o resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos 12 meses foi de 2,45%.

Diante da alta, o consultor financeiro Flavio Cohen, professor da Escola de Educação da RioPrevidência, indica entender os motivos do aumento e considerar todos os custos antes de assinar o contrato.

"Só é possível manter o mesmo colégio se o orçamento da família comportar o aumento na mensalidade educacional dos filhos. Muitas famílias não fazem essa conta, pagam os primeiros meses e lá pelo sexto não conseguem mais pagar. Tem outros custos envolvidos, como material didático, alimentação e deslocamento", destacou o consultor.

Caso a família não consiga arcar com o aumento, a indicação do especialista é negociar uma bolsa ou desconto, antes de abrir mão da escola. Para Cohen, as despesas educacionais não devem ultrapassar 30% da renda mensal familiar.

"Se for comprometer mais do que isso, é preciso ver se a família não teria que abrir mão de outras coisas, como o financiamento de um imóvel, viagens e lazer", pontuou.

Regiões mais caras

Os colégios da Zona Sul, área nobre da cidade, tem os valores mais elevados, seguidos da Região Oceânica. As mensalidades mais em conta estão no Centro, em Pendotiba e na Zona Norte.

Na disputa pela atenção das famílias no ensino fundamental, parte dos colégios têm apostado na inclusão de atividades extracurriculares na grade. Oficinas de música, parcerias com escolas de inglês e até aulas de programação estão entre os diferenciais.

Enquanto o menor valor praticado nas mensalidades para o 6º ano será de R$ 646, a cifra mais alta chega a R$ 3.161,00 (ou seja, quase cinco vezes maior).

Escolas particulares de Niterói | 2019Infogram
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No ensino médio, a disputa foca no acesso ao ensino superior, com uma roupagem de pré-vestibular. Colégios propõem aos secundaristas, disciplinas isoladas de redação, aulas preparatórias e simulados.

No 2º ano do ensino médio, o menor valor encontrado foi de R$ 758, enquanto a mensalidade mais elevada é de R$ 3.512.

Critérios das famílias

Ainda com as cifras altas, o volume de matrículas no ensino particular cresceu 4%, entre 2014 e 2018 no país, de acordo com o Censo Escolar do produzido pelo Ministério da Educação (MEC).

Os colégios particulares concentram 12% dos estudantes do ensino médio e 18% dos anos iniciais. Entre os fatores para a preferência pelo ensino privado, está a qualidade do ensino: a distorção entre idade-série é menor que na rede pública.

A bacharel em Direito Valéria Conceição, de 42 anos, não abre mão de manter as duas filhas, de 11 e 12 anos, matriculadas na rede privada. As filhas frequentam um colégio da Zona Norte, região onde a família reside.

"Educação é a prioridade por aqui. Se a gente não se sacrificar para dar aos nosso filhos uma boa educação, eles podem passar pelas mesmas dificuldades financeiras apertadas que nós passamos", afirmou.

As duas mensalidades não caberiam no orçamento. Valéria conseguiu bolsa integral para uma das filhas, e conta com aporte de familiares para manter as mensalidades da outra. Entre os colégios particulares, optou por um de doutrina católica.

"Para nós era primordial que a escola não tivesse influência das coisas que vem acontecendo na nossa sociedade, como a ideologia de gênero. Afinal, a maioria das escolas promovem debates sobre coisas que cabem apenas aos pais instruírem" considerou Valéria.

A opção da escola pública foi descartada pela família. "Quem faz o colégio é o aluno. Porém, as escolas públicas estão dominadas por professores, em vez ensinar português, matemática e ciências, estão formando militantes".

Moradora em Icaraí, na Zona Sul de Niterói, a analista de sistemas Bruna Galvão, 26 anos, prioriza o balanço entre a qualidade de ensino e o custo. Ela mantém o irmão de 12 anos e o filho de 11 anos em um colégio particular da região.

Como a família está de mudança para Pendotiba foi preciso colocar a manutenção da matrícula em Icaraí na ponta do lápis. "Com as mensalidades mais o transporte, ficaria inviável mantê-los na Zona Sul", considerou a analista.

As principais mudanças serão os horários, pois com a alteração de colégio a família abriu mão do ensino integral. A rotina de estudos das crianças também será afetada: antes as provas e trabalhos eram trimestrais, e agora serão semanais. “Pelo menos eles não vão poder deixar as coisas pra cima da hora!”, brincou.

Quanto à opção da escola pública, Bruna afirma que vê no ensino particular mais qualidade na educação de base. “Não adianta matricular apenas no ensino médio, apenas para o vestibular. Ela relata que chegou a cogitar tentar vagas no ensino federal. “Mas com esse governo e as ameaças de corte, fico muito preocupada com as greves”, afirmou a analista.

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